Os 5 principais manejos de temperatura em cultivo protegido
O efeito estufa que ocorre em ambientes protegidos promove o aprisionamento do calor, podendo elevar facilmente a temperatura para valores acima dos 40ºC nos dias mais quentes do verão.
O excesso de calor pode ser prejudicial para as culturas agrícolas, gerando danos em produtividade e qualidade do produto. Além disso, dificulta as condições de trabalho, gerando desconforto aos trabalhadores.
Nesta postagem, serão apresentadas as principais ferramentas utilizadas para controle de temperatura visando reduzir condições de calor excessivo em estufas.
Telas de sombreamento
As telas de sombreamento agem restringindo o acúmulo de calor no ambiente, absorvendo e refletindo parte da radiação solar que chega. No entanto, devem ser usadas com sabedoria, pois limitam a quantidade de luz que incide sobre as planta e podem influenciar negativamente no crescimento e produção das culturas. Por isso, geralmente, a tela é estendida somente em dias ensolarados, nas horas mais quentes do dia.
Fonte: Jardino Garden
As telas termorefletoras aluminizadas podem apresentar melhores resultados em questão de redução de temperatura sem promover tanto sombreamento sobre as plantas, visto que refletem a radiação solar para todos os lados. No entanto, podem custar mais do que o dobro em relação às telas convencionais.
2. Estrutura
De forma geral, a altura do pé-direito de uma estufa interfere diretamente no clima: quanto maior for a altura, menor será a temperatura média do ambiente. Como o ar quente tende a subir, uma estrutura alta faz com que o calor se concentre na parte de cima, mantendo o bolsão de ar quente longe das plantas.
Dinâmica do ar quente em ambientes protegidos.
Para o cultivo de plantas com arquitetura mais alta, como o tomateiro, a importância da altura do pé direito é ainda maior: deve ser de ao menos 3 a 4 metros, ou então 50 cm a 1 m maior do que a máxima altura da cultura que será conduzida (Sade, 1997).
Entretanto, quanto maior for a altura da estufa, mais resistente deve ser sua estrutura para suportar a incidência de ventos fortes. A utilização de reforços na estrutura e quebra-ventos nas laterais são medidas que podem ser adotadas para reduzir os riscos de danos para a estufa.
3. Ventilação natural
A ventilação natural em estufas permite a renovação do ar no interior, levando o calor para fora e assim baixando a temperatura do ambiente.
A utilização de telas anti-insetos (ou anti-afídeos) nas laterais da estufa é uma opção que proporciona aeração no ambiente, sem abrir espaço para a entrada de insetos. Geralmente são utilizadas em conjunto com cortinas laterais, que podem ser estendidas ou recolhidas conforme o manejo da temperatura.
Estufa com cortina lateral. Fonte: Van der Hoeven Estufas Agrícolas
Para expulsar o ar quente acumulado na parte superior, o ambiente pode ser equipado com saídas de ar superiores, conhecidas como aberturas zenitais. A abertura geralmente é protegida com tela antiafídeo e conta com cortina plástica para abrir ou fechar a saída.
Abertura zenital fixa. Fonte: MaxiAço
É importante que estas saídas sempre estejam abertas no mesmo sentido dos ventos predominantes, para possibilitar a dissipação do calor.
Veja a figura à seguir:
Contribuição do vento na dissipação do calor.
4. Nebulização
O uso de nebulizadores é uma alternativa interessante para conter altas temperaturas. As finas gotas de água que são produzidas pelos microaspersores evaporam rapidamente, utilizando calor do ambiente para passar do estado líquido para o gasoso.
Portanto, aumenta-se a umidade relativa do ar em detrimento da redução da temperatura.
Microaspersores de nebulização em funcionamento. Fonte: NaanDan Jain Irrigation Ltda.
No entanto, deve-se atentar para não promover o molhamento das folhas e não elevar a umidade do ar a níveis elevados, visto que são condições favoráveis à incidência de doenças.
Desta forma, observa-se que a nebulização é uma ferramenta que deve ser utilizada corretamente para não gerar problemas no cultivo.
5. Ventilação forçada
Através da ventilação forçada é possível expulsar o ar quente de dentro da estufa e promover a renovação de ar no interior. Como o ar quente é mais leve e tende a subir, exaustores normalmente são instalados em locais altos, na face frontal ou traseira.
Estufa com exaustor e cortina. Fonte: Autor.
RESULTADO
Em um dia quente de primavera foi avaliado o efeito da nebulização e exaustão sobre a redução da temperatura no interior de uma estufa.
Às 14:30, o termo-higrômetro da estufa registrou a temperatura do ar em aproximadamente 42ºC e umidade relativa de 10%, conforme apresentado na imagem da esquerda.
A partir deste momento, o sistema de nebulização foi acionado, enquanto o exaustor já estava funcionando.
Uma hora depois, a temperatura foi reduzida para aproximadamente 32ºC, enquanto a umidade do ar foi subiu para valores entre 34% a 44%, conforme mostrado na imagem da direita.
Observa-se o grande potencial da nebulização somada à exaustão para reduzir a temperatura em pouco tempo, sem elevar a umidade relativa do ar a valores prejudiciais para as culturas.
CONCLUSÃO
Diante do exposto, vale ressaltar que a solução para conter o excesso de calor em ambientes protegidos não está somente em uma ferramenta, e sim na utilização de várias estratégias em conjunto.
Existem diversas ferramentas que podem ser escolhidas para esta finalidade, e a adoção de cada uma depende da estrutura da ambiente, do valor que o produtor pretende investir e da eficiência desejada. Portanto, a implementação de cada uma deve ser avaliada conforme o caso
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